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O que aprendi nos últimos 10 anos de trabalho

Após mais de 10 anos de trabalho, compartilho lições sobre integridade, confiança e equilíbrio entre vida pessoal e profissional.

Meu tempo na universidade foi incrível. Tive uma turma muito criativa e diversa, e essa amizade dura até hoje, mais de 10 anos após entrarmos pelo Departamento de Mídias Digitais da UFPB.

Algumas semanas antes de começar a escrever este artigo, reencontrei alguns desses colegas. O que mais ouvi foi sobre a quantidade de empresas pelas quais já passaram. Isso não é exclusivo dos meus amigos de curso. Meus amigos de TI, engenharias, contabilidade e diversas outras áreas falam sobre a grande fluidez das carreiras. Nossa geração se projeta dessa forma e planeja suas carreiras em constante movimento.

Quando me perguntam como estou, dou a resposta clássica que me acompanhou nos últimos 10 anos: “Tudo de velho.”.

Desde 2013, praticamente no mesmo lugar, sonhando o mesmo sonho e vestindo aquela mesma camisa.

Após essa década, percebi que aquele lugar já não era o mesmo, nem o sonho, nem a camisa. Me vi sem alternativa a não ser sair. Decidi sair por desalinhamento, enquanto vejo meus amigos que saem de empresas para progredirem em suas carreiras ou apenas porque cansaram do chefe ou dos colegas de trabalho. Não os julgo.

Esses amigos têm muito a dizer sobre como evoluir de empresa a empresa, criar um currículo irretocável no LinkedIn e as melhores respostas em entrevistas de emprego na área deles.

Já eu não tenho nenhuma experiência nisso.

Se você está lendo este artigo para saber como melhorar suas chances ao buscar um novo emprego, já adianto que não sei como te ajudar.

O que vou compartilhar é a minha tentativa de dar uma resposta para a seguinte pergunta: O que espero de um funcionário, colega de trabalho, sócio ou patrão? E qual o caminho para o longo prazo em uma organização?

Mantenha a sua palavra

Minha mãe sempre fala da minha tataravó que ela teve a felicidade de conviver, Dona Maria Raimunda, uma mulher de palavra firme: “Sim, é sim. Não, é não.”.

Quando ela dizia ser, sim, ninguém duvidava. Esse foi um dos meus exemplos em casa.

Doa onde doer, mantenha firme sua palavra. Mesmo que isso cause prejuízo financeiro ou perdas pessoais, mantenha sua honra. Não permitam que o ego ou o dinheiro mudem o que disser.

Seja conhecido e lembrado por sua integridade.

Tenha contrato

Esse conselho pode parecer básico, mas ainda é válido. Até a pessoa em quem você mais confia pode, por algum motivo, errar. Pessoas mal intencionadas existem.

Sem um contrato, uma falha na comunicação pode virar um problema sério.

Um contrato pode ter falhas, mas evita a maioria das dores de cabeça possíveis.

Confie nas pessoas

Manter a palavra, ser íntegro e proteger-se com contratos pode parecer que você está sendo medroso, mas não é. Não é viver em estado de alerta nem temer ser apunhalado a qualquer momento.

Confie nas pessoas, pois empresas são feitas de gente.

Qualquer negócio precisa de confiança de que as pessoas farão o seu melhor. Mesmo que alguém te atrapalhe, lembre-se de manter sua integridade.

Não consigo me ver trabalhando com pessoas estão sempre na defensiva. Elas pesam o ambiente.

Prefiro pessoas que vivam leves, com coração aberto e que assumam responsabilidade por suas ações, inclusive falo disso no próximo ponto.

Tenha autorresponsabilidade

Quando surge um problema, a última coisa que quero saber é de quem é a culpa.

Na hora, só existe um caminho: resolver a situação.

Depois que passa, só posso me culpar.

Não tenha cargo

Resolva problemas, independentemente do que seja. No trabalho, a frase que mais me irrita é “não é minha responsabilidade”.

Se isso é dito por alguém que já está saindo da empresa, está certo. O sucesso do projeto não é mais responsabilidade dele.

Sempre tive dificuldade em definir meu cargo, inclusive nunca tive um título fixo.

Oficialmente fui gestor de projetos, mas também fui programador, copywriter, redator de artigos, web designer, designer, editor de vídeo, filmmaker e qualquer outra função necessária.

Quebrar barreiras de cargo permite focar no sucesso e na resolução de problemas, tornando-se adaptável e disposto a aprender. Seja um camaleão.

E nem pense que isso é o caminho para o burnout. Com autoconhecimento e autorresponsabilidade, a maioria das questões se pacificam.

Seja grato

Ser grato é ser nobre. Agradeça gestos pequenos e grandes, e cultive uma alma sensível e atenta a eles. Reconheça as atitudes dos outros, que às vezes podem ser sacrifícios para eles, mesmo que pareçam pequenos para você.

Ser grato não é ser escravo ou subserviente, mas sim reconhecer, honrar e agir de acordo. A justiça é também uma boa amiga da gratidão.

Cuidado: ser grato apenas com palavras e discursos é uma forma de ingratidão sofisticada. Expresse sua gratidão também com ações.

Não feche portas

Escolha bem as brigas que vai entrar e tenha cuidado ao eleger um desafeto. O que já vi e vivi é este mundo dando voltas e eu sendo ajudado por quem não gostava tanto. Não diga “dessa água não beberei” (esse conselho também serve para relacionamentos amorosos).

Sempre que for necessário encerrar um ciclo, por pior que tenha sido a experiência, saia com o peito aperto e estufado, cabeça erguida e sem falar mal. Mantenha sua firmeza de caráter e não solte uma bomba na porta de saída.

Se fizer diferente, pode se envergonhar depois, fechando portas e desperdiçando oportunidades futuras. Você não sabe do futuro, então confie nesse conselho.

Viva a Vida

Acredito que uma das maiores sortes que tive na vida foi saber cedo o que me deixa feliz e realizado profissionalmente. Engraçado é que demorei mais tempo para descobrir e entender o que me deixava feliz como ser humano.

Meus amigos reclamavam e me alertavam quando eu perdia finais de semana na praia, aniversários e festas porque queria trabalhar.

Não é uma lamentação ou arrependimento, mas talvez eu teria feito diferente em algumas situações. Durante todo esse período, nunca tirei férias; até no recesso, sempre trabalhava um pouco.

Hoje entendo que descansar, rir e cuidar da saúde são essenciais para trabalhar bem e viver bem. Equilibrar a vida profissional com momentos de lazer e autocuidado me proporcionou uma felicidade mais completa e sustentável hoje.

Após mais de uma década de jornada profissional, percebo que os valores de integridade, confiança, autorresponsabilidade, gratidão e equilíbrio entre trabalho e vida pessoal são essenciais para construir relações sólidas e um ambiente de trabalho saudável.

Manter portas abertas, honrar compromissos, confiar nas pessoas e saber equilibrar dedicação com momentos de descanso não apenas fortalecem nossa trajetória, mas também nos conectam de maneira significativa com as pessoas ao nosso redor.

Que possamos continuar cultivando esses princípios, garantindo um futuro repleto de realizações, parcerias verdadeiras e uma vida plena e feliz.

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